International Association for the Study of Pain: Protocolo para assistência a SÍNDROME DA ARDÊNCIA BUCAL.


De etiologia controversa e multifatorial, a SÍNDROME DA ARDÊNCIA BUCAL é uma condição onde a sensação de queimação da mucosa oral é a principal queixa do paciente. Segundo a International Association for the Study of Pain, trata-se de uma desordem dolorosa crônica orofacial geralmente desacompanhada de lesões nas mucosas ou outros sinais clínicos.

De grande complexidade,  suas causas podem ser de origem sistêmica,  por alterações de glândulas salivares, disfunções endócrinas, medicamentosas, neurológicas e nutricionais; também podem ser  de origem localizadas, nas quais envolvem as dentárias, alergênicas e infecciosas; as psicogênicas, que também são descritas em quadros de depressão, ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo e for fim, as de origem idiopáticas.

Precisamos nos ater as queixas do paciente, avaliar clinicamente, ressaltar a importância de uma anamnese criteriosa e pesquisar hábitos e comportamentos dos mesmos.

Há diversos relatos em unidades básicas de saúde, UPA’s que constantemente um paciente chega com a queixa de ardência e queimação na boca. É hora de agir integralmente, acessar o prontuário médico, investigar possíveis causas, avaliar clinicamente, interagir com o Médico, Psicólogo ou Enfermeira e dar uma atenção especial ao caso clínico.

É importante ressaltar nas implicações que a falta de assistência ou não resolutividade deste caso podem impactar na rotina do paciente e dos setores de serviços de saúde. Uma vez com este desconforto, este paciente pode ficar com dificuldade de alimentar, com sintomatologia dolorosa, iniciando um processo de desnutrição, e finalmente podendo chegar a internação hospitalar. Cabe enfatizar que o mesmo paciente, irá procurar o setor de triagem ou demanda espontânea com uma maior frequência, solicitando assistência na sua situação e consequentemente, intervindo na rotina ou tumultuando o fluxo dos demais pacientes no setor de saúde.

Há situações em que uma prótese mal adaptada, ou um aparelho ortodôntico usado incorretamente ao longo do tempo ou em estado de corrosão, podem deixar gosto metálico na boca, levando ao aparecimento de um eritema com sensação de queimação. Eritema é uma vermelhidão, causada por vasodilatação dos vasos sanguíneos.

É comum também investigar na anamnese:
·         A condição sistêmica do paciente;
·         Medicação utilizada;
·         Diabetes Melitus presente;
·         Carência de vitamina B;
·         Deficiência de zinco;
·          Fatores emocionais, depressão ou algum transtorno;
·         Se há histórico de tratamentos de origem oncológica, ou de outra enfermidade;
·         Presença de alergia;
·         Utilização de drogas ilícitas.

Sabemos da grande relação das alterações de glândulas salivares que diretamente afetam o fluxo salivar (xerostomia), comprometendo a alimentação, permitindo colonização de fungos como a Candida Albicans e diversas bactérias. Enfim é necessário ser extremamente criterioso nesta avaliação
Clinicamente a Síndrome da Ardência Bucal se caracteriza por queimação associada ou não de sintomatologia dolorosa constante na boca, com a presença de eritrema, sem a associação a lesões na cavidade oral, causando em desconforto e ocorrendo em mais de uma área na maioria das vezes, sendo a língua a mais citada delas. O nome síndrome é referido pelo fato de ardência estar associada a outros fatores como xerostomia e disgeusia (alteração ou perda do paladar).

Um olhar diferenciado na anamnese, triagem e clinicamente deve ser realizado tanto no SUS, como nos consultórios e clínicas particulares, uma vez que a população vem tornando-se mais envelhecida, e consequentemente utilizando de mais drogas medicamentosas, com mais comprometimentos sistêmicos e com doenças de origem endócrinas como a Diabetes Mellitus, constantemente diagnosticadas. Não menos importante, os problemas ou distúrbios emocionais, também merecem investigação, independentemente da faixa etária, constatando que a ciência, baseada na evidência, relata que os índices de depressão vêm absurdamente aumentando.

Nós como odontólogos precisamos investigar a queixa do paciente, dar um diagnóstico, realizar o planejamento e executar um tratamento resolutivo multidisciplinar.

Após ouvir a queixa do paciente e de realizar a anamnese, uma avaliação laboratorial deve ser solicitada incluindo hemograma completo, TSH livre, glicemia de jejum, ferro, ferritina, transferrina e ácido fólico. Para os diabéticos, além destes, solicita-se a hemoglobina glicosada.

Os pacientes devem estar cientes das dificuldades dos resultados do tratamento, principalmente devido a complexidade da Síndrome da Ardência Bucal. Há uma variável limitante, que é caracterizada pelas modificações dos agentes etiológicos no decorrer do tratamento. Por exemplo um diabético que está equilibrado e descompensa seus índices glicêmicos, um paciente depressivo que tem um surto psiquiátrico, e outras situações que afetam negativamente a evolução do tratamento, certamente vão limitar os resultados. Sabemos que a reação positiva é contrária tem a mesma proporção.
O curso das ações direcionadas ao tratamento deve ser relatado ao paciente. Entretanto, podemos concluir que o tratamento consiste em amenizar o desconforto relatado na maioria das vezes sendo impossível de ser 100% resolutivo.

O paciente deve estar ciente que muitas alterações acontecem devido ao seu estado sistêmico - medicamentoso – emocional e que uma dieta nutricional, evitando alguns alimentos que possam reduzir seu desconforto deve ser realizada através de uma consulta com um Nutricionista.

Após ouvir a queixa, fazer a anamnese criteriosa, exame clínico e planejamento das ações, iniciaremos o protocolo de tratamento.

È preciso der a ciência de que o planejamento deve ser multiprofissional, integrando o Cirurgião – Dentista aos Médicos, Enfermeiros, Nutricionistas e Psicólogos. Uma tabela do artigo publicado na revista da UERJ: http://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=377 , serviu de excelente fonte de pesquisa.

PROTOCOLO DE POSSÍVEIS TERAPÊUTICAS





Além do tratamento odontológico necessário proposto, o Rivotril  passa a se a medicação mais eficaz. Sua associação da redução dos desconfortos gerados pela ardência e queimação, certamente podem ofertar uma qualidade de vida diferenciada a esses pacientes. Este desafio em dominar a Síndrome da Ardência Bucal, com um protocolo integral e efetivo será de grande contribuição e utilidade para a Odontologia.


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